segunda-feira, 28 de março de 2011

Direito & Poesia - Vinicius de Moraes e a morte

Soneto da Hora Final

Será assim, amiga: um certo dia

Estando nós a contemplar o poente
Sentiremos no rosto, de repente,
O beijo leve de uma aragem fria.

Tu me olharás silenciosamente

E eu te olharei também, com nostalgia
E partiremos, tontos de poesia
Para a porta de trevas, aberta em frente.

Ao transpor as fronteiras do segredo

Eu, calmo, te direi: - Não tenhas medo
E tu, tranqüila, me dirás: - Sê forte.

E como dois antigos namorados

Noturnamente tristes e enlaçados
Nós entraremos nos jardins da morte.

Vinicius de Moraes

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